aos 38 anos com a publicação de um primeiro romance que passou a constituir
um macro fundamental
na literatura indiana. Situado na região de Kerala, no sul do subcontinente, de onde a
autora é oriunda,
O Deus das Pequenas Coisas narra a saga de uma família hindu convertida ao
cristianismo, cujos
membros
se dispersam pelo mundo para, no termo de três gerações, se reunirem na
terra natal e aí fazerem
o balanço das experiências vividas. Como numa metáfora da união-separação,
o protagonismo é assumido
por um par de gémeos, Esthappen e Rahel, irmão e irmã, o que fica e a que parte,
a que volta e o que
permaneceu, Oriente e Ocidente ou vice-versa – e o tema fulcral da narrativa,
misteriosamente aberto até à
última página, é a possibilidade – impossibilidade de reencontro entre mundos
separados por uma
violência que ultrapassa a carne. Para dizer esta tragédia, social, familiar e individual,
A. Roy transpõe os
limites do romanesco convencional, entra no território velado da poesia, socorre-se do
poder mágico do mito.
O resultado é um livro que não se parece com nenhum outro e lembra, vagamente
todas as hipóteses
de livro sobre épocas convulsas e bastardas. Arquitecta de formação, argumentista de cinema e
televisão
por ocupação, militante feminista e ecologista (lutou contra o armamento nuclear da Índia)
por influência de
uma mãe avançada demais para o lugar e a época, Arundhaty põe nesta obra a
máxima sabedoria que é
possível ter-se sobre o passado que nos prende e o presente que nos asfixia.
Recentemente,
publicou o
ensaio Pelo Bem Comum (2001), onde contesta a construção de uma
mega-barragem que, em nome
do progresso, vai desalojar centenas de milhar de pessoas. Pertence à
categoria de escritores para
quem a literatura, sem abdicar de uma busca estética, se insere
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