Translate

terça-feira, 4 de junho de 2013

Video da semana

Recebi do meu irmão,(Lucio) uma Fábula, que me fez lembrar de um Poema  de Fernando Pessoa, a Fábula é esta:
Era uma vez um rei que queria ir pescar. Ele chamou o seu meteorologista e pediu-lhe a previsão do tempo para as próximas horas. Este lhe assegurou que não iria chover. A noiva do monarca vivia perto de onde ele iria, e colocou sua roupa mais elegante para acompanhá-lo.
No caminho, ele encontrou um camponês montando seu burro que viu o rei e disse: - Majestade, é melhor o senhor regressar ao palácio porque vai chover muito.
O rei ficou pensativo: - eu tenho um meteorologista, muito bem pago, que me disse o contrário. Vou seguir em frente. E assim fez. Choveu torrencialmente. O rei ficou encharcado e a noiva riu-se dele ao vê-lo naquele estado. Furioso o rei voltou para o palácio e despediu o meteorologista.
Ele convocou o camponês e ofereceu-lhe emprego. O camponês disse: - senhor, eu não entendo nada disso, mas se as orelhas do meu burro ficam caídas, significa que vai chover. Então o rei contratou o burro.
Assim começou o costume de contratar burros, que desde então têm as posições mais bem pagas nos governos...
Este é o video que tenho em meus arquivos ,com o Poema que é bem atual, igual os Governos deste sistema em que vivemos,veja.

Maria Bethânia
 
Fernando Pessoa tinha um total de 127 heterônimos. Em que fontes o poeta se pautou para criar seus outros “eus”?
De fato, até bem pouco, o número consensual de heterônimos era aquele dado por Teresa Rita Lopes: 72.  o poeta usou, pela vida, 202 nomes, dos quais 127 seriam heterônimos, que agora são descritos com suas biografias possíveis. Apesar do número enorme de heterônimos, no final da vida, Pessoa decidiu abandonar todos para reunir o melhor do que escreveu num livro de 300, 400 páginas em seu próprio nome. Apenas lhe faltou tempo, para isso, pois logo lhe veio a “mater dolorosa da angústia dos oprimidos” (morte).

ULTIMATUM
Mandato de despejo aos mandarins do mundo
Fora tu,
reles
esnobe
plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro
Ultimatum a todos eles
E a todos que sejam como eles
Todos!

Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
Que nem te queria descobrir

Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Vós, anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
Para quererem deixar de trabalhar
Sim, todos vós que representais o mundo
Homens altos
Passai por baixo do meu desprezo
Passai aristocratas de tanga de ouro
Passai Frouxos
Passai radicais do pouco
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
Descascar batatas simbólicas

Fechem-me tudo isso a chave
E deitem a chave fora
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
Do que todas as janelas que há no mundo

Nenhuma idéia grande
Nenhuma corrente política
Que soe a uma idéia grão
E o mundo quer a inteligência nova
A sensibilidade nova

O mundo tem sede de que se crie
Porque aí está apodrecer a vida
Quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar
Porque não é nada

Eu da raça dos navegadores
Afirmo que não pode durar
Eu da raça dos descobridores
Desprezo o que seja menos
Que descobrir um novo mundo

Proclamo isso bem alto
Braços erguidos
Fitando o Atlântico

E saudando abstratamente o infinito.
Álvaro de Campos – 1917
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário