A Oração Eficaz de Ezequias
Isaías 37:16-20
O SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel, que habitas entre os querubins; tu mesmo, só tu és Deus de todos os reinos da terra; tu fizeste os céus e a terra.
Inclina, ó SENHOR, o teu ouvido, e ouve; abre, SENHOR, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo.
Verdade é, SENHOR, que os reis da Assíria assolaram todas as nações e suas terras.
E lançaram no fogo os seus deuses; porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens, madeira e pedra; por isso os destruíram.
Agora, pois, ó SENHOR nosso Deus, livra-nos da sua mão; e assim saberão todos os reinos da terra, que só tu és o SENHOR.
Em muitos lugares e por vários exemplos, a Escritura
ensina a verdade da eficácia das orações do povo de Deus. Talvez a
declaração mais clara dessa verdade seja encontrada em Tiago 5:16:
"Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros,
para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus
efeitos." Como prova, Tiago cita o exemplo de Elias nos dias de
Acabe: "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e,
orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não
choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra
produziu o seu fruto" (vv. 17-18).
A oração de Ezequias registrada no texto é outro
exemplo claro dessa verdade. Para entender sua oração, devemos colocá-la
em seu contexto histórico e profético.
Isaías 36 a 39 registra eventos que ocorreram
durante o reinado de Ezequias, rei de Judá. Embora a princípio esses
quatro capítulos históricos pareçam ser incongruentes e fora de lugar
na profecia de Isaías, se investigarmos e pensarmos neles,
descobriremos que são apropriados, pois constituem uma transição
entre as duas principais divisões da profecia de Isaías. O tema
recorrente da profecia é que embora o poder mundial de fato ameace
Israel, ele nunca aniquilará Israel. Em Isaías 36 até 38 há um
cumprimento inicial e próximo da profecia de Israel, com respeito ao
poder mundial como ele é incorporado em várias nações, especialmente
Assíria, no tempo de Ezequias. Em Isaías 39 o foco muda da Assíria
para Babilônia, o futuro poder mundial. Esse capítulo e história
introduzem a segunda divisão da profecia, que é essencialmente uma
palavra de conforto ao povo de Deus durante o cativeiro babilônico.
Esses quatro capítulos, então, formam uma ponte entre as duas
principais divisões do livro de Isaías.
Até onde diz respeito a história, Jerusalém está
em apuros. Senaqueribe, o rei da Assíria, tinha entrado num
empreendimento louco mundial, destruindo e subjugando várias nações.
Ele tinha invadido Judá, tomado suas cidades fortificadas, e estava
agora nos portões de Laquis, uma cidade principal não longe de
Jerusalém. De Laquis ele enviou seu emissário Rabsaqué para ameaçar
Jerusalém, blasfemar o nome de Deus, e instar que o povo rejeitasse a
liderança de Ezequias e se entregasse aos assírios.
Contra esse pano de fundo Ezequias ora sua oração
eficaz.
As Circunstâncias
O reinado do Rei Ezequias em Judá deve ter sido um
alívio feliz para Isaías. Ele tinha sido comissionado por Deus para
trazer uma mensagem de juízo e condenação durante o reinado de três
predecessores de Ezequias. Sempre tinha havido impiedade e apostasia em
Judá, especialmente durante o reinado de Acaz, e Isaías teve que
chegar com ameaças de destruição e admoestações para se
arrependerem e buscarem a Jeová. O ministério de Isaías não foi
fácil ou agradável durante a maior parte. Mas agora o Ezequias temente
a Deus estava no trono de Deus. Em Judá ainda havia nada mais que um
remanescente, uma minoria, que temia verdadeiramente ao Senhor; mas
nesse tempo o remanescente passou a estar no poder e se assentar no
trono, na pessoa do temente Rei Ezequias.
Mediante o mandamento de Ezequias, os sacerdotes e
Levitas se reuniram em Jerusalém. Eles tinham purificado o templo e por
meios de oferendas tinham novamente consagrado o mesmo ao serviço de
Jeová. Após um longo período de negligência, Judá tinha novamente
celebrado a páscoa. No convite de Judá, mesmo um remanescente dos
fiéis das dez tribos tinha se unido na celebração. Assim, Isaías
deve ter pensado que o reinado de Ezequias seria um pouco tranqüilo
para ele.
Mas isso não aconteceu, pois Judá agora enfrenta um
terrível julgamento na forma de Senaqueribe, rei da Assíria, com seu
exército gigantesco e o seu embaixador Rabsaqué. O rei assírio já
tinha espalhado caos entre as nações, conquistando e subjugando-as. As
dez tribos de Israel já não existiam, pois Senaqueribe tinha derrotado-as
e levado-as em cativeiro. Ele tinha invadido Judá e capturado suas
cidades fortificadas. O remanescente do povo tinha corrido para
Jerusalém, sua última fortaleza e esperança final.
Antes disso os assírios tinham estado nos portões
de Jerusalém. Rabsaqué tinha chegado com um grande exército e tinha
se orgulhado terrivelmente contra Judá, de acordo com Isaías 36. Ele
tinha dito, com efeito: "Eis que confias no Egito, aquele bordão
de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele lhe entrará pela
mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que
nele confiam. Porém se me disseres: No SENHOR, nosso Deus, confiamos;
porventura não é este aquele cujos altos e altares Ezequias tirou, e
disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis? Ora, pois,
empenha-te com meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil
cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles. Como, pois, poderás
repelir a um só capitão dos menores servos do meu senhor, quando
confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros? Agora, pois, subi
eu sem o SENHOR contra esta terra, para destruí-la? O SENHOR mesmo me
disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a" (vv. 6-10). Rabsaqué
tinha ido admoestar o povo de Jerusalém para não permitir que Ezequias
os enganasse, pois ele nem Jeová seriam capazes de livrá-los. Ele
tinha instado para que rejeitassem o governo de Ezequias, se revoltassem
contra ele, e apostassem no rei da Assíria. Ele conclui assegurando ao
povo de Deus que Jeová não era capaz de livrá-los, assim como os
deuses das outras nações não foram capazes de livrar os seus
adoradores (vv. 14-20).
Agora por uma segunda vez Rabsaqué ameaça
Jerusalém. Antes Rabsaqué tinha partido com seu exército para se
reunir novamente a Senaqueribe, pois eles tinham ouvido que Tiraca, rei
da Etiópia, estava vindo para lutar contra eles. Agora, de Libna,
Rabsaqué envia mensageiros a Ezequias com uma carta ameaçadora e
blasfema. O conteúdo da carta é que Ezequias não deve deixar Jeová (por
meio do profeta Isaías) enganá-lo em fazê-lo pensar que Jerusalém
será livrada das mãos da Assíria. Como prova, Rabsaqué cita suas
muitas vitórias sobre as outras nações do mundo. Sua mensagem é:
"Eu sou o poder do mundo. Sou invencível. Jerusalém será
completamente destruída" (Is. 37:8-13).
A essa prova terrível Ezequias reage em fé. Ele vai
imediatamente para a casa do Senhor e estende a carta de Rabsaqué
perante o Senhor. Ezequias quer que o Senhor leia a carta. Ele sabe que
em sua própria força não pode derrotar os assírios, e não há
nenhuma escapatória de sua situação desesperada. Portanto, ele traz o
seu problema ao Senhor e derrama o seu coração em oração.
O Conteúdo
Ezequias ora a Jeová. O nome Jeová ocorre cinco
vezes em sua breve oração, servindo para ressaltar que é
enfaticamente a Jeová que Ezequias ora.
Ele é Jeová, o Eu Sou O Que Sou, o que indica que
Deus é auto-suficiente, completo e perfeito em si mesmo, e que ele é o
Deus eterno, cujos dias não têm princípio e cujos anos não têm fim.
Como o Deus auto-suficiente e eterno, ele é imutável em si mesmo,
aquele em quem não há sombra de variação. Como Jeová, ele é
também imutável em sua relação e sua revelação com o seu povo, de
acordo com o ensino de Malaquias 3:6: "Porque eu, o SENHOR, não
mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos."
As verdades implícitas no nome Jeová são o firme
fundamento da oração de Ezequias. Ele não encontra a base para sua
oração em si mesmo, no povo sobre quem ele governa, ou em sua própria
força. Ele encontra o fundamento na fidelidade pactual de Jeová.
Ezequias conhece e confessa que, porque Jeová é o Deus eterno e
imutável que não pode negar a si mesmo, ele não pode negar seu pacto
com o seu povo, pois ele é o Deus de Israel (Is. 37:16).
Ezequias o chama de "Jeová2 dos
exércitos" (v. 16). Esse nome implica não somente que Deus é o
Senhor de todos os exércitos dos anjos, de Israel, ou mesmo do poder
mundial, mas também que ele é o governador sobre todos os exércitos
do universo. Todos os poderes da criação, todos os exércitos dos
homens, e todas as multidões de anjos estão sujeitas a ele. Ele
somente é o todo-poderoso, que é Deus sobre todos. Senaqueribe pode se
exaltar e Rabsaqué pode blasfemar contra Jeová, alegando que ele é
apenas um deus entre muitos deuses e que é incapaz de livrar Judá das
mãos da Assíria. Mas Ezequias conhece a verdade. Ele sabe que seu Deus
é Jeová dos exércitos, que é o único Senhor soberano e
todo-poderoso.
Ezequias também reconhece Jeová como o criador dos
céus e da terra (v. 16). Os querubins são anjos que guardam a
santidade de Deus. Ezequias refere-se às representações desses anjos
no lugar santíssimo do templo. Como símbolos da santidade de Deus,
eles guardam o propiciatório, onde Deus vem para habitar com o seu povo.
Jeová que habita entre os querubins, portanto, é o Deus santo a quem
ninguém pode se aproximar. Todavia, Jeová se agrada em se chegar a
pecadores e habitar com o seu povo. Sua habitação entre os querubins
revela-o não somente como o Deus santo, mas também como o Deus do
pacto.
Esse Jeová – o Deus soberano, todo-poderoso, santo,
imutavelmente fiel – é Jeová que em sua misericórdia perdoadora
habita com o seu povo. Esse Jeová é o objeto de adoração na oração
do justo. E a esse Jeová Ezequias ora.
O rei abre a carta perversa dos assírios e apresenta
a questão diante do Senhor no templo. Ele implora que Jeová dê
atenção à situação: "Inclina, ó SENHOR, o teu ouvido, e ouve;
abre, SENHOR, os teus olhos, e vê; e ouve todas as palavras de
Senaqueribe, as quais ele enviou para afrontar o Deus vivo" (v.
17).
Ezequias caracteriza a carta dos assírios
corretamente: uma afronta ao Deus vivo. Todavia, Ezequias deve admitir
que os assírios falam a verdade: eles "assolaram todas as nações
e suas terras. E lançaram no fogo os seus deuses." Ezequias
continua: "Porque deuses não eram, senão obra de mãos de homens,
madeira e pedra; por isso os destruíram" (vv. 18-19).
Ezequias implica duas verdades. O grande poder dos
assírios não é dos homens, mas de Deus. Os assírios foram capazes de
destruir as outras nações não por sua própria força, mas apenas
como instrumentos nas mãos de Jeová. Além disso, eles foram capazes
de destruir os deuses dessas nações porque os mesmos não eram deuses
de forma alguma, mas apenas a obra de mãos de homens. Ezequias está
confessando que Jeová somente é Deus; o Senhor dos exércitos somente
tem todo poder.
A Jeová o rei traz o seu pedido: "Agora, pois,
ó SENHOR nosso Deus, livra-nos da sua mão" (v. 20). Esse simples
pedido não denuncia nenhuma expectativa no homem ou no poder do homem,
mas apela somente a Jeová, o Deus do seu povo. Com efeito, Ezequias diz
ao Senhor: "O rei da Assíria é forte. Estamos privados de ajuda,
e não temos a força para resisti-lo. Seremos certamente derrotados.
Livra-nos, ó Senhor! Não podemos ver como e por quais meios, mas
olhamos somente para ti, pois tu és Jeová, Senhor dos exércitos.
Lembra-te do teu pacto, da tua causa e confirma o teu nome, pois o
inimigo te afrontou, o Deus vivo. Portanto, ó Deus, livra-nos da sua
mão!"
O Propósito
Quando Ezequias faz essa oração, ele não está
preocupado meramente com sua libertação da perplexidade na qual se
encontra. Tal é a preocupação dos ímpios. Eles, também, podem
entrar em situações das quais não vêem saída, e em sua necessidade
podem clamar a Deus. Algumas vezes essas são chamadas de "orações
de apuro." Tais orações, nascidas do desespero, focam-se no eu e
no interesse próprio: Deus deve servir àqueles que oram e arrancá-los
de sua situação difícil. Se forem libertos, eles não mais se
preocuparão com Deus. Visto que Deus os serviu e atendeu aos seus
requerimentos, eles não mais precisam dele. Essas não são orações
de forma alguma, e certamente Deus está longe das tais.
Mas a oração de Ezequias é diferente. Sem dúvida
ele orou por libertação, para si e o seu povo. O conteúdo de sua
oração é sua grande necessidade, e ele faz petições a Jeová com
respeito a ela. Todavia, sua necessidade não é o seu propósito
primário e principal, mas ele está preocupado principalmente com
Jeová, o nome de Jeová e a salvação de Jeová. O interesse mais
profundo de Ezequias é que o nome de Jeová seja confirmado e louvado.
Sem dúvida, por causa do ataque dos pagãos, Ezequias está atribulado
e receoso de sua libertação e segurança, mas sua preocupação
primária é que o nome de Jeová está sendo afrontado pelos pagãos.
Eles tinham colocado o nome de Jeová em pé de igualdade com os nomes
de todos os deuses pagãos. Eles tinham apresentado a Jeová como
enganando o seu povo, ao dar-lhes uma falsa esperança de libertação.
Senaqueribe exaltou a si mesmo e o seu poder acima de Jeová e do seu
poder soberano. De fato, os pagãos tinham jogado o nome de Jeová na
lama.
Ezequias está preocupado com o nome de Jeová, e o
louva em sua adoração. Somente Jeová é Deus! Ele somente é o
todo-poderoso, o Deus fiel do pacto, cujo nome deve ser louvado também
nessa história. A opressão dos assírios e o medo de Ezequias são os
fundamentos de sua petição: "Agora, pois, ó SENHOR nosso Deus,
livra-nos!" Isto é, "todos os ídolos pagãos não foram
capazes de livrar as nações que serviam a eles, mas tu és Jeová
nosso Deus. Todas as circunstâncias presentes foram designadas para tu
mostrar o teu poder e a tua glória. Salva-nos!"
O propósito último é que "todos os reinos da
terra possam saber que só tu és o SENHOR" (v. 20). Ezequias ora
para que o nome de Deus possa ser glorificado em toda a terra por meio
da libertação do seu povo, de forma que todas as nações possam saber
e confessar que Jeová somente é Deus.
A oração de Ezequias vale muito. Deus ouve sua
oração e concede o seu pedido. Ele envia o anjo de Jeová ao campo dos
assírios para matar oitenta e cinco mil deles numa única noite.
Mediante essa libertação maravilhosa os assírios foram dizimados.
Senaqueribe volta a Nínive, e Jerusalém é salva (vv. 36-37).
Deus está longe da oração do ímpio, mas a oração eficaz e fervorosa do justo vale muito!
Fonte: A Biblia
As Obras Maravilhosas de Deus (salmo 139)
Meu Deus, tu me conheces tanto:
Meu despertar e quando vou deitar.
Meus pensamentos, mesmo os mais secretos;
O que falei, por onde andei tu lembrarás.
Até o dia em que fui feito,
Teus olhos já me viram muito bem.
Por tudo isso, Jeová, te louvo:
Maravilhosas tuas obras, teu poder!
O teu saber, ó Deus, é grandioso
-Mereces toda minha devoção.
Com tua mão direita me seguras
Em meio a mais profunda escuridão.
E, para onde eu correria,
Quisesse eu fugir de ti, Jeová?
Nem ao Seol, nem mesmo às alturas;
Distante dos teus olho,
Pai, não há lugar.
Meu despertar e quando vou deitar.
Meus pensamentos, mesmo os mais secretos;
O que falei, por onde andei tu lembrarás.
Até o dia em que fui feito,
Teus olhos já me viram muito bem.
Por tudo isso, Jeová, te louvo:
Maravilhosas tuas obras, teu poder!
O teu saber, ó Deus, é grandioso
-Mereces toda minha devoção.
Com tua mão direita me seguras
Em meio a mais profunda escuridão.
E, para onde eu correria,
Quisesse eu fugir de ti, Jeová?
Nem ao Seol, nem mesmo às alturas;
Distante dos teus olho,
Pai, não há lugar.


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